9.29.2008

Vidas Decompostas



"Segue-me , e deixe os mortos enterrarem os seus mortos"
Mateus 8, 22

Para a grande maioria dos homens e mulheres deste mundo, a vida inicia-se completa, quase perfeita.

À medida que vamos caminhando no percurso da existência, fissuras aparecem. São algumas despedidas forçadas, relações desfeitas, empregos perdidos, paixões desiludidas, separações definitivas. Se não cuidarmos, não resistem à pressão e arrebentam-se em fragmentos, como se a nossa vida fosse sendo decomposta em pedaços das mais variadas formas e tamanhos.

Muitos se exasperam e as doenças os dominam; outros tantos, tornam-se indiferentes e são levados pela situação; alguns se desesperam e não seguem adiante; e, somente poucos continuam a viver bem por todo o tempo de suas vidas.

E, por que isso acontece a estes poucos? Pela simples razão de não tentarem juntar os fragmentos. Aceitam-nos como aspectos naturais da vida e que devem ser deixados para trás, assim como fazemos com os cacos dos copos e taças quebrados: os recolhemos e os atiramos no lixo para que não possam ferir-nos e a outros. Os fragmentos são os nossos cacos de vidro. Se colados jamais resgatarão o formato original e, muito provavelmente, além do tempo que será gasto na tentativa, nos machucaremos com eles.

Os fragmentos devem ser deixados para trás. Devemos, sim, tirar deles as nossas lições, depois esquecê-los e partir para uma nova vida.

Fatalmente, novas fissuras aparecerão. Entretanto, se tivermos aprendido, de fato, nossas lições, as fissuras não se fragmentarão, não sendo capazes, portanto, de decomporem as nossas vidas.

Luiz Albertho de Vasconcellos 29 de setembro de 2008

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